NÃO SOU OBRIGADO A GOSTAR!
Existem certos sons que pegam mal você dizer que não gosta. Neguinho afirma que é "fundamental", "essencial", "histórico" e blá blá blá. Eu sempre prego que isso tudo de nada vale se o som não
bater na sua mente. Portanto, foda-se a história de
Led Zeppelin, The Who, Animals, Rolling Stones, The Clash, entre outros artistas considerados
intocáveis. Não discuto sua importância histórico-musical, mas simplesmente, em diferentes graus, eu não consigo gostar destes sons. Mas o motivo verdadeiro estar escrevendo aqui e agora são exemplos conteporâneos, cuja qualidade musical é discutível sim senhor! Vou dar dois exemplos (outros mais surgirão) de bandas que eu fui persuadido pela imprensa especializada e por amigos que tentavam empulhar gororobas sonoras que, se eu demonstrasse não estar gostando, eu poderia ser desconsiderado! À fogueira!
LE TIGRE:
Estão vendo a foto da moiçola aí? Pois é...Ai de você, do sexo masculino, se ousar falar da "beleza" de suas integrantes.
Machista, chauvinista, porco, reacionário, etc., serão alguns dos adjetivos proferidos à sua pessoa se tiver a ousadia de tecer algum comentário que não seja em tom de submissão sobre a tal banda. O discurso feminista vem muito forte ao embalar o produto chamado
Le Tigre. Pega mal falar isso se você estiver no meio de seres ditos
antenados ao cenário alternativo. Portanto, você (eu não!!!) tem que dizer que gosta. E você (o
alternativo antenado) fica lá sonhando em pegar alguma
riot girl (seu verdadeiro objetivo, tsc tsc...) para poder ser "aceito" num clubinho restrito. Longe de querer discutir algo relacionado ao feminismo (acho que já teve o seu devido valor, e que hoje os resultados estão sendo práticos. Qualquer panfletarismo atualmente tende a ser vazio e falso). Mas eu me senti encurralado a ter que dar atenção a este som, pois todas as revistas e jornais davam-no como "excelente", "fundamental", e tal. Fui ouvir o som. Sinceramente, é uma porcaria tão ruim que se não estivesse embalado nesta aura
cult que o cerca, eu poderia até ter dado uma atenção menos antipática. O clima
low fi é utilizado de forma proposital e de extremo mal gosto: não existe coisa mais falsa do que uma banda fazendo um som de baixa qualidade propositalmente! O Le Tigre parece um
B 52's tocado num teclado de brinquedo, cantado por uma boneca Barbie e com uma bateria eletrônica ridícula programada por uma criança de 2 anos. Alguns vão falar que me falta senso de humor para ouvir este tipo de som (???!!!). Acho que bandas tipo
Big Black já utilizaram-se de equipamento ruim para produzir música boa, com direito à tal
drum machine. As riot girls (elas existem por aqui?) provavelmente me jogariam na fogueira. Uma música do
L7 já me bastaria para dar o devido crédito a uma banda feminina de
atitude verdadeira e
som que presta! A propósito, acho B 52's do caralho!
ROLLINS BAND:
Esta é a maior contradição em termos: a banda é foda, mas o mais fraco em seu som é justamente o membro que nomeia o grupo:
Henry Rollins. Tomei conhecimento da carreira do sujeito ao ler uma crítica de um show numa Bizz de 91 ou 92. A resenha falava da performance de palco avassaladora do cara, de suas letras marcantes e alusivas ao relacionamento com seu pai. E o som fora descrito com igual entusiasmo, só que com muito menos palavras. Fiquei realmente curioso. Eis que a Bandeirantes nesta época passou um especial sobre o Festival de Reading e eu gravei, entre outras coisas, uma parte do show da Rollins Band. Achei o instrumental interessante, mas não bati com o vocal. Fui atrás de algum disco. Até que eu tive em minhas mãos o álbum "Weight". Comprei-o baratinho no Carrefour sem tê-lo ouvido, confiando nas expectativas que me foram passadas. Ouvi uma, duas, três, quatro, cinco vezes...e continuei achando o vocal do Rollins o mais fraco do som da banda. De que adianta se o cara escreve letras fodas se sua performance vocal é ruim?? Se for para comprar um disco por causa das letras eu prefiro ler um livro, porra! Fui procurar algo mais que prestasse em sua carreira e cheguei ao
Black Flag. O disco "Damaged" é um petardo punk tosco e cru que condiz com seu vocal idem. Mas a Rollins Band continuava não descendo por causa do...Rollins!!! Sinceramente, eu acho que a carreira do sujeto renderia mais como escritor (ou apresentador de TV, como vem atuando ultimamente) ou declamador de poemas. É mais lucrativo correr atrás do som que os músicos que gravaram o instrumental de "End of Silence" e "Weight" do que investir em mais uma empreitada sonora do Sr. Rollins.
Este texto é absolutamente opinativo, não quero declarar nada como definitivo nem subjulgar quem gosta destes sons. Mas eu acho que alguns "mitos" estão aí expostos o suficiente para poderem ter sua
majestade questionada. Ferro na boneca!