O
Radiohead sempre foi uma banda que procurou fugir a fórmulas, embora cada disco soe parecido com algum "movimento pop" ocorrido por volta de seu lançamento. Ao menos foi assim em seus 2 primeiros discos, que pendiam para o brit-pop e até mesmo o grunge em alguns momentos. Até que veio
Ok Computer e ninguém conseguiu mais identificá-los senão com adjetivos que enobreciam seu trabalho. Fugindo completamente de tudo que fizeram até então lançaram um par de álbuns até hoje incompreendidos, embora muitos os acham geniais. Buscando o minimalismo com a ajuda de toques eletrônicos, fizeram algo bem próximo do rock progressivo (no bom sentido, claro!), embora o termo
post rock seja mais correntemente utilizado.
Quem conheceu a banda a partir da dobradinha
Kid A/
Amnesiac vai achar o novo
Hail to the Thief uma obra facilmente digirível, o que não é mentira a princípio. Porém, a cada audição mais e mais detalhes dos trabalhados arranjos se tornam perceptíveis e as abandonadas distorções de guitarra chegam aqui para saciar os fãs mais antigos. A abertura do disco
2+2=5 começa lentinha até que Thon Yorke resolve clamar por atenção junto dos ruídos saídos da guitarra. Ainda mais ruidosa é
Myxamatosis, onde a distorção no contra-baixo impera. Chega a surpreender quem não imaginava nunca mais ouvir este tipo de música num disco do Radiohead. Outra faixa que deve agradar os fãs da velha guarda é
Where I End and You Begin. O primeiro single do disco -
There There - poderia estar num dos últimos discos do
Pearl Jam sem soar deslocada.
Mas não pense que a banda procurou se readaptar a seu som passado. Pelo contrário, ela numa esperta estratégia resolveu juntar tudo que há de melhor em cada um de seus discos e fazer uma salada de frutas para seus fãs. As espetaculares melodias de Thon Yorke continuam, basta ouvir
Scatterbrain e
I Will para comprovar. A eletrônica também se faz presente por quase todo o disco, embora mais moderada.
Sit Down, Stand Up em sua primeira parte é uma balada arrastada e logo em seguida torna-se um rápido thecno auxiliado por bateria de verdade, enquanto
The Gloaming passeia por uma base eletrônica nada convencional. Não poderia faltar uma faixa fúnebre, por isso a banda nos brinda com
We Suck Young Blood com instrumental todo baseado num piano e em marcações feitas em palmas.
O disco pode não agradar a todos, mas certamente terá seu lugar garantido nas futuras listas de melhores do ano.
PS: Coincidências? Além do disco ter uma faixa com o manuscrito 2+2=5 (que tenho tatuado em meu braço direito a quase 3 anos), a data prevista para o lançamento é 9 de Junho, nada mais que a data de meu aniversário.
PS2: Este é um texto autoral de Val Bonna com base em consecutivas audições sobre o relatado disco. Há tempos não ouvi tantas vezes consecutiva um mesmo disco. O
DUB SIDE OF THE MOON não conta...